A Freguesia
Com uma superfície de 2 500 hectares, a freguesia de Santo António dos Arcos é constituída pelos lugares de Valadares, Aldeia de Sande e Arcos Velhos. Outros lugarejos e sítios são os do Colmeal, Carrascal, Foupana, Maria Ruiva, Abibes, Monte da Azinheira e Monte das Figueiras. Encontra-se a sete quilómetros da sede do Concelho e é atravessada pela ribeira de Alcaraviça. A sua maior área encontra-se em campina rasa, sendo a restante parte constituída por três outeiros postos em fileira, Atalaia, Serra e Cachorra. Possuí actualmente cerca de duas mil pessoas.
O seu povoamento remonta à época pré-histórica. Em 1775, aqui foram encontradas várias sepulturas gentilícias, ladrilhos, sepulturas com campas de mármore e outros objectos arqueológicos. As primeiras referências documentais à freguesia datam do reinado de D. João I. Este monarca, em finais do séc. XIV, doou um casal ao lavrador Pedro Lourenço, no sítio da Quinta dos Arcos. Arcos, mais tarde, foi uma comenda militar da Ordem de S. Bento de Avis.
A igreja paroquial é do século XVI. Terá sido a data da erecção paroquial. Possibilitou tal construção Constança Esteves, autora de importante legado ao cabido da sé de Évora cerca de 1530. A extradorso da abside, pode ver-se um cubelo cilíndrico tipicamente manuelino. É muito frequente no sul do País e atesta a origem cronológica do templo.
Ainda em relação ao património edificado de Arcos, uma palavra para o palacete da Quinta de Valadares. A nascente da aldeia, mas de frontaria virada a poente, pertenceu inicialmente aos Valadares Castelo-Branco, capitães-mor de Borba quando era rei de Portugal D. João VI. Muito interessante é a lagoa das Espadas. Única em todo o Alentejo, rebenta-se nos inícios do Verão e seca quando o Inverno chega. Tem a sua “boca” voltada para cima do norte, entre o norte e o nascente.
A Lagoa das Espadas, única em todo o Alentejo, rebenta-se no início do Verão e seca quando o Inverno chega. Ana Barbosa e Leonor Briz, em Viagens na Nossa Terra, descrevem com muito interesse o percurso entre Estremoz e a freguesia de Arcos:
…Regressando à estrada, tome à esquerda e, mais adiante vire para Arcos. Num morro à direita, vislumbra-se uma construção circular: é a Atalaia Grande, que a tradição assinala como local de funcionamento da forca de Estremoz.A paisagem até Arcos parece ter sido desenhada para amostragem dos produtos agrícolas da região: olivais, vinhas, pomares, floresta de montado e, conforme a época, searas e campos de girassol. Em Arcos dirige-se ao centro, na Praça 1º de Maio, e dedique-se a investigações gastronómicas: os queijos são produzidos pela família Bizarra, e, quanto aos pontos de encontro, só tem que perguntar pelos Gatos, que, em genuína taberna com grandes talhas, não deixam dúvidas sobre a mão do cozinheiro. Na Igreja Paroquial de Santo António ( século XVII) veja a nave, revestida a azulejos seiscentistas, e a sua curiosa sacristia quadrangular, com abóboda pintada a fresco, de composição Barroca.
Na Praça, informam quem tem a chave. Tome a direcção da Aldeia de Sande, pequena povoação onde as chaminés parecem maiores que as casas e o antigo carteiro se especializou em pombos fritos. Aprecie este campo salpicado de pequenos montes, cada um com sua horta, e, no entroncamento, suba para a Orada até ao Largo da Igreja.